Os povos Katxuyana e Kahyana, do Pará, estão redescobrindo parte de sua história ao revisitar coleções etnográficas guardadas no Museu Paraense Emílio Goeldi e no British Museum. Muitos desses objetos estão fora dos territórios indígenas há quase cem anos. Agora, eles voltam a ser vistos, interpretados e ressignificados por seus próprios criadores e descendentes.
Para ampliar a presença indígena na construção de narrativas museológicas, o projeto cria pontes entre povos da Amazônia e instituições culturais no Brasil e no Reino Unido. Foi idealizado pela Associação Indígena Katxuyana, Tunayana e Kahyana (AIKATUK) e realizado pelo Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé) em parceria com o Santo Domingo Centre of Excellence for Latin American Research, do British Museum.
A abordagem decolonial propõe uma oficina em terras indígenas, onde os artefatos são revisitados digitalmente e ganham novas leituras. Também inclui a co-curadoria de peças que serão exibidas em uma mostra temporária no Museu Goeldi e na futura Galeria das Américas, em Londres. Além disso, haverá mesas-redondas híbridas e o lançamento de um livro digital bilíngue.
As atividades são conduzidas por uma equipe diversa, formada principalmente por mulheres indígenas e não-indígenas – entre elas antropólogas, biólogas, historiadoras e guardiãs de saberes tradicionais. O foco é valorizar o protagonismo indígena na interpretação de seus patrimônios, fortalecer os laços comunitários e ampliar o debate global sobre a descolonização dos acervos indígenas mantidos por museus.
*O projeto Povos Indígenas e Museus foi selecionado por meio da chamada do Ano Cultural Brasil/Reino Unido.