Mulher cientista trabalhando em sustentabilidade ambiental.

A crise climática é um dos maiores desafios do nosso tempo, com impactos cada vez mais intensos, exigindo soluções rápidas e inovadoras na procura de sustentabilidade ambiental. Nesse contexto, o papel das cientistas mulheres tem se mostrado crucial para impulsionar mudanças sociais e ambientais. 

No Brasil, cientistas mulheres estão liderando iniciativas transformadoras que aliam conhecimento, criatividade e determinação. Elas enfrentam barreiras históricas e sociais para demonstrar como a ciência é uma ferramenta poderosa no combate às mudanças climáticas e na promoção da justiça ambiental. 

Neste artigo, você vai conhecer trajetórias inspiradoras de mulheres brasileiras importantes que estão liderando projetos inovadores e transformando suas comunidades. Continue lendo para descobrir como elas estão ajudando a construir um futuro com sustentabilidade ambiental. 

A crise climática 

Mulheres e meninas são desproporcionalmente impactadas pelos desastres naturais e mudanças ambientais, é o que revela o relatório sobre a “violência contra as mulheres e as crianças, suas causas e consequências”, compartilhado pela Organização das Nações Unidas (ONU): elas são 14 vezes mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas em comparação aos homens. Além disso, ainda de acordo com o relatório, aproximadamente 80% das pessoas deslocadas por desastres relacionados ao clima são mulheres. 

Diante desse cenário, a Conferência do Clima da ONU (COP), tem ampliado o debate sobre o protagonismo feminino nas políticas ambientais. Na COP 26, realizada em Glasgow, foi reservado um dia para discutir o empoderamento de mulheres e meninas nas políticas e ações sustentáveis. Já na COP28, em Dubai, a ONU Mulheres lançou o relatório  “Justiça climática feminista: um quadro para a ação”, que reforça a necessidade de maior representatividade feminina nos espaços de decisão ambiental.  

No Brasil, mulheres como Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, e Txaí Suruí, ativista indígena, têm ganhado destaque internacional por suas contribuições. Em 2023, durante a reunião do G20, foi criado o Grupo de Trabalho pelo Empoderamento de Mulheres, que incluiu a justiça climática em sua agenda. Em janeiro de 2024, o GT, liderado pela Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e pela socióloga Rosângela da Silva, reuniu-se para delinear estratégias visando à igualdade de gênero e à equidade social, enfatizando o protagonismo feminino na ação climática. 

Cientistas brasileiras na liderança e na inovação 

Conversamos com três cientistas que estão fazendo a diferença para o futuro do planeta. As jovens Francielly Rodrigues e Isabella Quaranta, além da veterana Generosa Sousa, estão liderando projetos inovadores que combinam sustentabilidade e justiça social. Conheça um pouco mais sobre elas nos tópicos abaixo.  

Mulher cientista analisa espigas de arroz em campo agrícola, demonstrando o papel feminino na pesquisa por práticas sustentáveis na produção de alimentos.

Francielly Rodrigues: tijolos sustentáveis de açaí 

Francielly Rodrigues é uma jovem cientista natural de Moju, no estado do Pará. A pesquisadora ganhou destaque no cenário nacional e internacional quando tinha apenas 15 anos pela criação de tijolos ecológicos utilizando uma mistura de argila com as cinzas de caroço de açaí triturado e carbonizado.  O projeto tem um grande apelo ambiental por dar novos destinos ao que era considerado lixo: os caroços utilizados se acumulavam pelas ruas e calçadas da cidade após a extração da polpa, que se tornava alimento.  

Hoje, com apenas 23 anos, Francielly já acumula mais de 25 prêmios nacionais e internacionais. Em 2024, foi premiada no evento Mulheres Inspiradoras, uma iniciativa apoiada pela ONU, por sua contribuição à inovação e ao impacto social. No mesmo ano, integrou a lista Forbes Under 30, na categoria ciência e educação. Sua história destaca seu talento científico e dedicação em usar a ciência para melhorar diretamente as condições de vida em sua comunidade, exemplificando como jovens cientistas podem criar soluções com práticas sustentáveis e inspirar mudanças positivas 

Isabella Quaranta: captura de CO₂ para um futuro sustentável 

Isabella Quaranta, engenheira química cearense e doutoranda na University of Edinburgh, lidera pesquisas sobre captura de carbono e desenvolvimento sustentável da produção de plásticos. No projeto SolDAC, ela desenvolve tecnologias que transformam CO₂ em etileno, uma matéria-prima essencial para a indústria. Mestre pela Universidade Federal do do Ceará (UFC), a pesquisadora inicialmente se interessou por combustíveis fósseis, mas redirecionou o seu foco para energias limpas durante o mestrado. 

Quaranta destaca a importância de reduzir os custos energéticos na captura de CO₂, utilizando fontes limpas ou calor residual, e defende a diversidade na ciência, acreditando que equipes inclusivas têm mais sucesso na resolução de desafios complexos, como a crise climática. Inspirada por mulheres como a professora Diana Cristina Silva de Azevedo, única mulher latino-americana eleita para a Sociedade Internacional de Adsorção, a cientista valoriza a presença feminina na ciência como forma de enriquecer ideias e soluções.  

Rainha das abelhas: polinizando a agricultura familiar 

Sobre cientistas brasileiras importantes, está Generosa Sousa, conhecida carinhosamente como "Rainha das Abelhas", quem tem um legado que transcende a pesquisa acadêmica. Doutora em Ciências Agrárias pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), ela é especialista em polinização e defensora incansável do papel vital dos polinizadores na agricultura familiar e na preservação da biodiversidade.  

Seu trabalho com a abelha Uruçu Nordestina (Melipona scutellaris) demonstrou um aumento de mais de 27% na produção de laranjas orgânicas. Além da pesquisa, Generosa é autora de livros sobre manejo de abelhas sem ferrão, voltados para agricultores familiares. Ela também apoia o desenvolvimento de bioprodutos derivados de mel e própolis, incluindo cosméticos e produtos para saúde humana e animal. 

 A atuação do British Council para inovação 

As trajetórias de Francielly, Isabella e Generosa destacam a importância de investir em uma ciência diversa e inclusiva, capaz de integrar uma perspectiva global e promover impactos locais. Reconhecendo esse potencial transformador, o British Council desenvolveu o programa Mulheres na Ciência, voltado para oferecer oportunidades a pesquisadoras brasileiras nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM, na sigla em inglês). 

Criado em 2019, em parceria com o Museu do Amanhã, o programa foi idealizado para fortalecer a liderança feminina na inovação científica e tecnológica. Com seis edições, a iniciativa já impactou mais de 800 pesquisadoras brasileiras.  

Como resultado direto, a participação feminina na liderança de projetos de pesquisa aumentou de 33% para 42%. A iniciativa teve o patrocínio da Shell a partir de 2021 e apoio da White Martins a partir de 2024.  

Ao apoiar mulheres na ciência, o British Council reafirma o papel da educação como ferramenta de transformação e celebra a liderança feminina como parte fundamental para o enfrentamento de desafios globais e a construção de um futuro mais inclusivo.   

Quer conhecer mais histórias inspiradoras de mulheres cientistas? Acesse à 4ª edição da revista Mulheres na Ciência